domingo, 2 de agosto de 2015

COMENTÁRIOS À ENTREVISTA DE LEVI TRINDADE AO INICIATIVA HQ, DISTOPIA HQ E NOTÍCIAS



Por:Hds.







Neste final de mês, o editor sênior da Panini Levi Trindade esteve na loja Empório HQ e concedeu uma longa entrevista aos canais de You Tube: Iniciativa HQ e Distopia Cast. Os assuntos abordados vão desde futuros lançamentos até a nova política de reimpressões. Vou fazer aqui uma análise acerca das peguntas mais relevantes listadas na ordem em que foram feitas e tentar aplicá-la dentro da minha visão como consumidor. Recomendo, logicamente, que vejam o vídeo no You Tube antes de ler a matéria.

Resposta ao Guilherme do "Mamute Insano":nessa pergunta foi usada como exemplo de uma boa opção ao indigesto "mix",o título Batman Eterno que possui 28 páginas e é entregue por R$3,50.O editor afirma que o mix é o melhor custo-benefício para o leitor,mas desde a época da editora abril,na verdade,o mix só é bom para a própria editora.Ele chega a dizer que talvez o caminho seja testar formatos diferentes com papel lwc ou duas histórias por edição,mas desconsidera o fim do formato atual dizendo que seria difícil 50 ou 70 edições sobreviverem nas bancas como é feito no mercado americano.

Em primeiro lugar é óbvio que esse esquema não daria certo no brasil,sendo que é comum ver várias edições serem canceladas lá fora pouco tempo depois de lançadas em algum mega-evento como os novos 52.O que eu posso ver é mais uma editora detentora dos universos Marvel e DC tentando justificar o fato de estarmos em 2015 e ainda não termos a opção de escolher o que ler ou não.Eu entendo a questão dos impostos que encarecem todo o processo de publicação,mas é totalmente possível colocar somente nas bancas as sagas ou personagens que estivessem melhor cotados e realmente não há vantagem nenhuma em ler material ruim agrupado no mix.A própria Batman Eterno é a prova disso!

Em algum momento poderia ser dito(e possivelmente já foi dito isso várias vezes)que edições com compilações de histórias mensais são uma imposição das editoras estrangeiras,mas pra mim isso é desculpa esfarrapada,pois como compradores temos o direito decidir a melhor forma para o produto à venda.Embora as editoras nacionais nunca tenham levado essa noção muito a sério.

Resposta ao Gnann:Aqui o editor afirma que não há motivos para acreditar que exista uma briga com a editora Salvat já que as duas possuem um acordo comercial.O curioso é que mesmo sendo assim,as edições da Salvat não deixam de sair cheias de erros entre outras falhas.Neste caso,a Panini sendo uma multinacional deveria ter cacife para garantir qualidade também nos produtos de sua parceira de negócios.

Depois disso Levi trindade cita como exemplo de uma publicação que foi devidamente concluída:a série Preacher.A revista era tida como azarada e diziam que nunca seria finalizada por aqui.Virou uma piada para os leitores(que amargaram seu cancelamento várias vezes),e foi tratada com cinismo pelos editores(que falavam sobre a “maldição de preacher”).O que não foi realmente dito até hoje é a verdade:que Preacher foi vítima de mais pura e simples incompetência das editoras brasileiras,bem como outras séries do selo Vertigo.

E então temos algum espaço para a boa e velha choradeira sobre como é difícil publicar quadrinhos no brasil por causa da nossa economia.O curioso é que ainda no início dos anos 2000 a editora abril deu o primeiro passo para a elitização desse mercado,enfiando goela abaixo a infame linha Premium que provocou o abandono dos quadrinhos em gerações inteiras de consumidores.E a panini só vem reforçando essa política.

Ainda respondendo ao gnann,o editor destaca o fato de Transmetropolitan e ZDM não terem sido finalizadas pela falta de retorno dos leitores.Engraçado não?E eu pensando que o motivo seria preço de capa astronômico e o desnecessário padrão de luxo que havia provocado o atraso.Se tivessem sido postas em bancas com o formato de 100 Balas ou ExMachina ela já teria sido,com certeza,terminada.

Resposta ao Fernando Bedin do “Central Hqs”:Somente uma questão nas perguntas do Fernando me chamou a atenção:a atitude mostrada por ele,um vlogueiro do YouTube e também por muitos blogueiros e leitores que se manifestam na internet,de aceitar e chegar até a implorar por edições cada vez mais luxuosas.Será que eu preciso dizer porque uma encadernação no estilo Omnibus deveria ser temida e não esperada com ansiedade pelas pessoas?Eu li hqs desde a década de 80 até meados de 2001,quando parei por causa da “reformulação abril” nas revistas Marvel e DC. Daí,lembro que quando voltei a comprar em 2006,a primeira coisa que notei foi o aumento exorbitante nos encadernados que havia se tornado não só comum,como já aceito pela maioria dos compradores.

Vou dizer neste texto algo que infelizmente não consigo ler ou escutar em lugar nenhum:acho uma total e completa irresponsabilidade de pessoas de estados como Paraná,Rio de Janeiro,Minas e São Paulo tentando falar pelo resto do país sobre o que é aceitável ou não nos valores pagos em quadrinhos.Deixem de ser tacanhos e convenientes e entendam que o padrão de vida em São Paulo(conhecido estado mais rico do Brasil)não é o oficial,só porque é lá que se produzem e vendem mais títulos!

No mínimo é um tiro no pé torcer pelos artigos de colecionador,pelo fato de que os impostos e a moeda fraca tornam a aquisição desses itens(que devem ser considerados de segunda ou mesmo de terceira importância por, pelo menos, os consumidores mentalmente saudáveis)um sofrimento inútil.Sem falar no histórico positivo que tramas longas como Fábulas tem de serem editadas com rapidez e custo atraentes,justificando  o meio viável de serem editadas.

Resposta ao Vidal do canal “Na Disciplina”:De volta ao tema revistas mix.O Vidal pergunta se as ditas edições mix não são feitas de propósito pra incluir conteúdo podre contra a vontade do leitor.L. Trindade lembra de casos em que algumas fases são tão execradas lá fora,que nem vale a pena trazê-las pra cá.Mas a ideia de publicar somente as sagas ou arcos bons somente se reforça com isso.Pare pra pensar que tanto um leitor novo ou um experiente teriam exemplares de peso saindo nas bancas e livrarias,e sobre a continuidade,bastaria por matérias ou textos explicando o que havia se passado para situar o leitor(prática essa que é bastante útil e vem sendo utilizada a um bom tempo).

Defendo a afirmação do editor de que se houver uma fase imprestável,mas ela der lucro,ela deve ser mantida.Afinal de contas, se você sabe que ela não serve é só não comprar a história.O problema sempre vai estar no ato de forçar o leitor a engolir o que ele não quer,fazendo parecer que o mercado depende disso.Mesmo que no final se pagasse mais caro pela edição de 24 páginas ainda sairíamos ganhando,como no caso da Batman Eterno citada acima. 

Na segunda pergunta sobre papel,preço e disponibilidade o editor da Panini dá uma resposta no mínimo enrolada e contraditória(quando o assunto é dinheiro sugiro que leitor se acostume a ouvir esse tipo de resposta insólita).Falando dos fatores:tiragem,custo,gráfica e quanto pode acabar custando dos volumes especiais.Mas espere aí,não é a editora que decide(por você)o acabamento final deles?

Não tem lógica nenhuma repetir que o papel é cotado em dólar e depois dizer que a tiragem menor vai custar mais caro produzindo em papel de luxo,pois se vai ser assim,então façam com material mais barato como o LWC.

Resposta ao Márcio da Empório HQ:No assunto “formato” Levi ainda disse que foi muito cobrado para que HellBlazer Origens e Infernal fossem feitas em LWC ao invés de pisa-brite.E comentou “eu acho que não” e completa com “se nem a DC tá fazendo isso por que agente vai inventar a roda?”É mesmo Levi?Isso significa que é a DC quem determina como vamos consumir um produto e não nós mesmos que bancamos a simples existência deles?

E alerta que se algumas das séries saíssem em LWC,talvez nem tivessem saído.Se é deste jeito(e eu sei que não é),o que pensar de 100 Balas sendo terminada com 15 volumes exatamente em LWC?Não vou nem falar da marmelada com o monstro do pântano.

Resposta ao Ruligans da Empório Hq:Sobre a “tara da Panini com o Grant Morrison”.Se existe uma dúvida urgente que poderia ser respondida é como funciona o processo de negociação dos direitos sobre as publicações.Alguém pode até dizer “mas você ainda não sabe?”.E minha resposta será,sem culpa nenhuma,”não”.Até porque as editoras,desde sempre,nunca fizeram muita questão de explicar os seus negócios.Já ouviu que quem não deve não tem nada a esconder?Pois é.O detalhe da pergunta fica no fato do editor ter admitido que boa parte das sagas do autor já saíram no brasil,mas onde estão a Patrulha do Destino,The Filth,Zenith ou a série da liga que não foi sequer terminada?

Em outro momento Ruligans questiona sobre o fato da comunicação através do Hotsite da editora ser desvantajosa para o público.Neste quesito a Panini sempre tomou de lavada da JBC,que foi(pelo que eu me lembro)a primeira a criar um canal no YouTube, ajudando a estreitar o contato com os leitores.O canal da Panini veio bem depois,é claro.O site paninicomics é bisonho e confuso,o blog da Vertigo é tão lento que chega a acumular poeira e a página do Facebook e o canal apenas mostram algo novo de vez em quando(enquanto a JBC não para de anunciar novas surpresas).O importante é perceber que essas empresas finalmente estão enxergando que existem seres humanos por trás das vendas de suas revistas e que eles cobram satisfações.

Bem,esse foi o apanhado da entrevista com o editor Levi Trindade.Lembrando que apesar de discordar de algumas ideias dele,isso não significa que eu o odeie de morte!A Panini se tornou a maior editora do país concluindo títulos negligenciados por outras editoras,republicando de forma decente histórias que mereciam atenção,consolidando o bendito ”formato americano”,ajudando a ampliar os estilos mais variados de hqs e publicando séries longas continua e respeitosamente até o final.Nota:A política de reimpressões permanentes é simplesmente excelente e ajuda a combater preços especulativos em certos sites de compras da internet.

Segue agora a lista de anúncios feitos durante a FestComix 2015 e na própria entrevista(fonte:Universo Hq):

•DC Comics:Batman e Filho,Batman-Descanse em Paz,Batman –O Retorno de Bruce Wayne,Batman-O Filho do Demônio,Batman-Piada Mortal,Coringa(Brian Azarrelo e Lee Bermejo),Batman-A Corte das Corujas,Superman-À prova de balas,Flash-Seguindo em frente,Aquaman-As Profundezas,Liga da Justiça-Origens,Superman-Brainiace também O Reino do Amanhã•Vertigo:Preacher,O Homem-Animal de Grant Morrison,Astro City,Promethea,Y-O Último Homem,ZDM,The Authority,Transmetropolitan,Sandman-The Overture,Sandman e Watchmen(que segundo a editora estarão sempre em catálogo a partir de agora)•Especiais:Superman-Entre a Foice e o Martelo,Crise nas Infinitas Terras,Crise Final,Crise Infinita e Odisséia Cósmica.

Marvel:(republicações)Terra X,Universo X e Paraíso X,Supremos(os três volumes)• Deluxe:Guerra Civil,Thor- Renascer dos Deuses,Thor-Em Nome do Pai,Homem de Ferro-Extremis e as séries completas dos Vingadores e Capitão América•LinhaMarvel:HomemFormiga-Prelúdio,HomemFormiga-Mundo Pequeno,Excalibur,Gavião Arqueiro(Matt Fraction e David Aja),Viúva Negra(em 2016),Punho de Ferro-A Arma Viva,Cavaleiro da Lua(Warren Ellis),Justiceiro(encadernados),Os Novos Vingadores-A Busca Pelo Mago Supremo ,Biblioteca Histórica Marvel-Surfista Prateado,O Espetacular Homem-Aranha•Encadernados Nova Marvel:Homem-Aranha-Último Desejo,Homem-Aranha Superior,Fabulosos Vingadores,Thor e X-men•Star Wars:Star Wars e Dart Vader,Star Wars Legends,Star Wars-Episódio IV-Uma Nova Esperança,V-O Império Contra-Ataca,VI O Retorno de Jedi.





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